100 CRIS´ES

segunda-feira, junho 27, 2005

Invasão

E de repente meu corpo se infesta de tanta energia,
Tanta disposição, tanta força.
E a vontade de viver supera o maior desejo que eu já tenha sentido.

E a harmonia que corre dentro das veias
É a música que eu sempre esperei escutar,
Mas naquele momento descobri que ela não poderia ser composta por outros,
Pois é minha, internamente minha, eternamente minha.

E sem perceber me ponho a cantar bem alto
Os símbolos que expressam os meus sentimentos,
Mas as palavras são poucas, tão poucas...

E danço, e rodopio, como nunca havia feito antes,
Sempre com a certeza de estar cercada de tanta coisa boa
Que não posso definir,
Apenas sentir, lá no fundo, invadindo...

E tudo tem um perfume tão bom
Que é possível ouvir o seu cheiro até no mais discreto silêncio.
E a melhor sensação vem quando eu fecho os olhos
E mesmo com toda a escuridão ainda posso ver
O invisível brilho do seu beijo.

(Set/1994 - PS: Eu devia estar muito feliz nesse dia! :-))

sexta-feira, junho 24, 2005

Meu ombro amigo

O título pode ser clichê, pode parecer banal, mas pra mim tem história. Aliás esta frase marca o início de uma linda e importante história que tenho certeza que não terá fim.

Um ombro amigo - bem forte por sinal! – me serviu de apoio quando um buraco negro quis me sugar. Não é mentira, o buraco era enorme! O único problema é que, das cerca de 10 pessoas que estavam na roda, só eu que vi e fui atacada. Tá bom! Tá bom! A culpa foi daquele maldito garçom que ficava me procurando pela festa pra encher o meu copo com aquele whisky paraguaio... Mas o que interessa é que MEU OMBRO AMIGO tava ali. Ele nem me conhecia mas e eu não pensei 2 vezes: me segurei nele e ele me suportou durante um bom tempo ainda... até hoje! São 13 anos de carinho, amor e compreensão.

Mas meu ombro amigo é cidadão do mundo. Agora ele vai morar em Natal, vai se dar bem e eu vou ter um bom motivo pra ficar indo pro Nordeste. Mas...Lu...olha só...deixa eu fazer só um pouquinho de drama? Juro que vai ser rápido! Buááááá! Buáááá! B...b...b...buáááá! Pronto! Acabou! :-)

Agora é sério: Não há distância nem tempo que ouse interferir em algo tão forte. Falo de uma AMIZADE verdadeira, aquela que nasceu sem esforço, cresceu sem cobranças, fortaleceu com cumplicidade e perdura com um grande orgulho saudável. Lu, obrigada por vc existir e fazer parte da minha vida! Te amo!

Beijo no Lu

quarta-feira, junho 22, 2005

Promessa quebrada

Com a devida autorização da associação dos moradores - e de mais algumas “autoridades” do local – fui com um grupo fazer um trabalho fotográfico na Rocinha, em 1996.

Caminhando tranqüilamente e escolhendo minhas imagens com cuidado, de repente sinto alguém me puxando pela mão e falando: “Tia! Vem aqui, tia! Vou te levar num lugar com uma vista linda pra você tirar foto!”

Em sua inocência infantil, ele nunca poderia imaginar que não eram imagens da “cidade maravilhosa” vista lá de cima do morro que eu queria registrar. Mas ele e seus amiguinhos estavam tão empolgados em me “ajudar” com o meu trabalho que não pude recusar.

Fui puxada por ladeiras íngremes, corredores apertados, escadarias tortas, entrei por portinhas e saí por outras... e no meio desse sobe e desce sem fim eles gritavam: “Vem tia! Por aqui!”. E eu pensava: “Ai meu Deus! Me perdi do grupo... e agora?”

Finalmente chegamos na laje. “Não é lindo aqui, tia? Dá pra ver tudinho! Você não vai fotografar?” – eles perguntavam, empolgados. “Claro!” – respondi. Fingi que fotografei só pra fazer a alegria deles, depois não resisti em falar: “Vocês são muito mais bonitos que tudo isso aqui, sabia? Posso tirar uma foto de vocês?”

Em segundos eles se espalharam, e sumiram da minha frente “mortos de vergonha”. Mas um, o menor de todos, justamente aquele que me puxou pela mão, ficou paradinho. Fez pose meio sem jeito, colocou o dedo na boca e não fixou o olhar em lugar nenhum.

Depois da foto veio aquele pedido humilde e a promessa impossível de ser cumprida:
- “Depois manda a foto pra mim, tia?”
- "Claro, meu anjo, pra onde que eu mando? Qual endereço?"
- "Manda pra cá mesmo! Pra Rocinha!"

Promessa feita. Como poderia negar?


Menino da Rocinha

domingo, junho 19, 2005

Dia do Funil!

Hoje é o Dia do Funil! Nos 2 dias anteriores, um e-mail do “Retalhos” (grupo criado no Yahoo Groups pelo Mineiro para reunir nossa turma da PUC) lembra a todos da lista:
“Dia do Funil
Data: Domingo, Junho 19, 2005
Horário: O Dia Inteiro

A maior celebração de amizade, companheirismo e resistência etílica do mundo moderno!”

Na minha opinião, não poderia haver definição melhor. E, para todos entenderem o ritual que já acontece há 12 anos, vou continuar citando palavras do Mineiro, reproduzindo um trecho que ele escreveu em seu blog no ano passado:

“Para mandar o funil, o sujeito tem que ter muita concentração e um bom controle da respiração, porque se vacilar vai babar, pagar mico e provavelmente se melar todo. Com o tempo e a prática vai ficando mais fácil, como tudo na vida. Logo após se beber o funil, é comum alguns segundos de tonteira – que logo em seguida são substituídos por uma inexplicável alegria – e, como ninguém é maluco de beber apenas uma cerveja, a vontade de tomar outro funil. Mas aí muita calma, é preciso esperar a roda girar para chegar de novo a sua vez.... Vida longa aos irmãos do Funil!”

Este nosso irmãozinho não está mais nesse plano, mas tenho certeza que ele está comemorando junto com a gente, mandando um funil, celebrando, mandando outro funil e rindo à toa...
VIVA O DIA DO FUNIL!!

Mineiro prestes a mandar o Funil
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"Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade.
Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Louco que senta e espera a chegada da lua cheia.

Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.

Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Pena, não tenho nem de mim mesmo, e risada só ofereço ao acaso.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos, nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos esérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril."

(Marcos Lara Resende)

quinta-feira, junho 16, 2005

Apenas palavras

Palavras invadem minha mente,
soltas, desconexas,
desejando, pretenciosas,
decifrar, definir e expressar,
sentimentos, sonhos, desejos.

Não se contentam em apenas contar
histórias concretas,
simples, reais, imparciais...
Querem registrar
toda a complexidade de uma existência,
achando que podem conectar fragmentos
e revelar mensagens de uma vida
que às vezes parece não ter sentido...

Ah! Pretenciosas palavras!
Já que insistem vou torná-las conhecidas.
Mas não se enganem!
Muitos não vão entendê-las,
não saberão interpretá-las,
pois a mente de uma pessoa
é um universo habitado por um único ser,
construído a seu bel prazer!