100 CRIS´ES

terça-feira, julho 26, 2005

Vida renovada

Transformo saudade em histórias,
Congelo imagens na memória,
Pra te trazer pra perto e afastar a dor.

Lágrimas lavam minha tristeza.
Enxergo no mundo mais beleza,
Como aprendizado desse amor.

Vivo hoje com mais vontade
Alimento a minha espiritualidade
Renovei minha vida e o meu valor.

Assim vou te sentindo,
Sempre ao meu lado,
Onde quer que esteja,
Seja onde for.

(Homenagem: 1 ano sem Fernando Vilella - "A vida renovada não tem limites!" (Fervil))

quarta-feira, julho 20, 2005

Declaração de amor

Meus melhores momentos, os mais divertidos,
e também os piores e os mais tristes
sempre foram compartilhados com vocês.

Eu não teria comemorado tanto as minhas conquistas
ou superado as minhas derrotas
se não sentisse o carinho de vocês.

Não consigo imaginar a minha vida
sem o equilíbrio, a força, a harmonia
que vocês me dão.

E quando acordo naqueles dias terríveis,
brigando com todos e com a impressão de que está tudo errado,
são vocês que, mesmo sem dizerem uma palavra,
me fazem enxergar que estou agindo como uma menina mimada...
E o “ataque” logo passa.
Porque, quem tem amigos tão especiais e verdadeiros,
precisa de mais o quê nesta vida?

Sou uma mulher de sorte e saibam, queridos amigos,
que os valorizo e os amo de verdade.

(Homenagem aos meus amigos no Dia do Amigo)

terça-feira, julho 19, 2005

Entrega

Sabedoria insana
de todos que nada dizem.
Amantes infames
das proibidas partículas
formadoras do gozo essencial.
Sonhadores idealistas
que buscam no real
o que não se pode imaginar,
o que não se deve sentir...
A vocês entrego meu corpo
impuro, sedento,
na esperança de reencontrar
minha alma perdida
de amor pela vida.

(Escrito em Julho/1996)

quarta-feira, julho 13, 2005

Pesadelos

Tenho sonhos que se repetem. Os personagens até mudam de cara, de aparência, mas desempenham o mesmo papel. Um destes sonhos mostra a "corrupção". Uma palavra que não existe no mundo real. Essa tal "corrupção" é um mal que afeta os governantes e políticos do nosso país. Uma doença que os faz enganar e roubar o povo que luta "a duras penas" para ter uma vida mais digna. O que eu acho estranho neste sonho é que estes políticos são justamente as pessoas que deveriam representar os interesses do povo e trabalhar para melhorar a qualidade de vida dele... Sempre que eu tenho este sonho eu acordo me perguntando se, algum dia, este sonho terminará com a descoberta de uma cura para este “mal da corrupção”.

Ainda bem que no mundo real não existe isso! Quando acordo sou livre, posso voar, respirar debaixo d´água. Posso ser gigante ou ter o tamanho de uma formiga. Converso com os animais, visito vários países em apenas um dia, e todos sabem falar todas as línguas que existem. É tudo tão mágico!

Mas quando chega a hora de dormir a tensão aumenta. Lá vem outro sonho daqueles que se repetem. Normalmente eles começam com uma imagem minha em frente a um espelho, lavando o rosto, escovando os dentes, tomando um banho – tudo isso sendo feito em um espaço cercado por quatro paredes, e a água saindo por uns canos. Muito estranho mesmo! E depois tenho que passar o dia inteiro na frente de uma tela quadrada, que mostra imagens e letras o tempo inteiro. Eu, hein?!

E aí eu acordo! Ai que delícia! Meus banhos são em rios e cachoeiras fenomenais! Depois passeio pelo passado, presente e futuro. Fico velha, viro criança. Tenho filhos que mudam de idade conforme a conveniência do momento. Sinto profundamente, em todas as partes do meu corpo, tudo o que me acontece de bom. E quando algum sentimento ruim me invade, tenho o poder de afastá-lo, de fazê-lo sumir com um piscar de olhos.

Porém quando eu durmo e sonho, constantemente, com crianças na rua, abandonadas, passando fome e sendo tratadas como bichinhos, eu não consigo controlar o(s) sentimento(s) ruim(ns) que me invade(m). Eu quero gritar mas não adianta. Eu sei porque já tentei. E se eu fosse falar... Ah, se eu fosse contar tudo o que eu vejo nos meus sonhos... Sonhos?

terça-feira, julho 05, 2005

Palmas para a criatividade

Este é um texto que recebi por e-mail, daqueles que rodam, rodam, rodam e as informações principais se perdem. Chegou para mim uma redação órfã, estão faltando título e autor(a), e simplesmente MARAVILHOSA. Eu, como boa comunicóloga, amante da língua portuguesa e admiradora da criatividade alheia, não poderia deixar de reproduzí-la.

No e-mail dizem que é "uma redação feita por uma aluna do curso de Letras da UFPE(Universidade Federal de Pernambuco - Recife), que obteve vitória em um concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa." Leia abaixo.

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Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos.

O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos.

Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto. Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa.

Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta. Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.

Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história. Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou, e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino. O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.