Momentos de contemplação

Vista do Pão de Açúcar - RJ

Dunas de Jericoacara - CE

Arco-íris em São Thomé das Letras - MG


Mamãe beija-flor na árvore que abrigava a minha barraca em um acampamento na Praia da Fazenda - RJ

Pôr do Sol + Praia de Ipanema + Dois Irmãos = RJ

Shhhhhhhh! Tá ouvindo?

Por que o silêncio incomoda tanto às pessoas? Conheço muita gente (e você também!) que não consegue ficar sozinha em casa sem que a televisão ou o rádio esteja ligado. Este sentimento de solidão, esta necessidade de fingir que tem a companhia de alguém ao ligar os aparelhos domésticos, me assustam. O ser humano é incompleto por natureza, porém cava buracos em seu coração com suas paranóias e, principalmente, com sua carência exacerbada.

Se as pessoas conseguissem alcançar a paz interior, tivessem mais autoconfiança, aprendessem a parar de fugir delas mesmas e parassem para “escutar” o silêncio, perceberiam que nem de longe estão sozinhas. E (nossa!), como é gostoso sentir (ouvir!) a energia no ar: aquela que vem dos pensamentos – seus e dos outros. Aquela que emana dos corpos nus, lado a lado, depois do sexo. Aquela que vem do universo quando contemplamos os espetáculos que a natureza nos proporciona. Shhhhhhhh! Tá ouvindo?


"A atmosfera mental que nos rodeia é afetada não apenas pelos pensamentos e sentimentos que criamos, mas também pelos pensamentos e sentimentos daqueles à nossa volta." (James Van Praagh)

Império de lixo

Rio-Santos / Janeiro de 2001
Minha vida é um luxo. Sempre tenho convidados para o almoço: ratos, baratas e urubus. Hoje eles são muitos. Cada vez vêm em maior número. Não importa. É com eles que divido meu império construído de restos, troços, ossos.

Em meu mundo paralelo, desfruto de um banquete diário. Apodrecido, rico em doenças, temperado com a indiferença e preparado por ilustres ignorantes. Morda-se de inveja. Minha vida é no lixo.

Rocinha / Outubro de 1998

Evolução

Ela virou bicho. Não teve jeito. A situação estava ficando insustentável. Suas características felinas estavam superando qualquer traço humano conhecido. Seus parceiros saíam todos marcados de suas garras após uma noite de sexo animal. Os cochilos tirados durante o dia já tinham virado piada em seu trabalho. Os sumiços que rolavam todas as noites estavam preocupando amigos e parentes.

Ninguém saberia explicar como nem quando isso começou a acontecer. Sua mãe sempre reclamou de sua independência exagerada desde criança. Seus amigos sempre disseram que era muito dengosa, chegava se enroscando e adorava um cafuné. Os olhos? Cor de mel, arregalados, atentos.

Um dia não agüentou mais seu aprisionamento num corpo bípede totalmente estranho e cheio de limitações. Transformou-se de vez, sentido-se completamente livre e orgulhosa de sua forma felina. “Finalmente!” - pensou. Algo parecido com uma pantera porém de cores variáveis. Isso mesmo, variáveis e não variadas. Sua cor mudava conforme sua necessidade, vontade, humor. Não faltava mais nada para evidenciar ainda mais sua independência tão costumeira. Felina, linda, mutante, inteligente. Agora está escolhendo com muita calma o parceiro ideal para começar uma linhagem de seres evoluídos. Juntos têm a missão de resgatar os divinos animais escondidos em cada um dos humanos.